domingo, 15 de outubro de 2017

A menina

Fez seis meses, na semana passada, a menina. Os pais, que a celebram todos os dias num amor apaixonado, marcaram um encontro ao final do dia, num espaço verde, com bolos, champanhe e colos por perto. Na tarde quente de outono, com mantas no chão e um céu azul, muitos responderam à chamada, contentes de poder ver e abraçar a menina. 

E a menina estava linda, de macacão azul e olhos grandes, atenta aos risos e às conversas, que circulavam lentas, tranquilas e cheias de amor. Os pais faziam as honras do dia, entre copos de sumo e bolos caseiros, discretos, mas atentos a cada um dos que vieram e plenos da sua condição de jovens pais. Roupas informais e rostos bonitos, rodeavam a sua gente e os seus afetos, oferecendo à sua menina, os colos que os fizerem crescer como pessoas. Uma dádiva imensa, uma identidade que transportam e sabem ser o chão mais certo para os passos e os sonhos da menina. Porque é assim que a querem, num quotidiano de cuidado, cheia de futuros longos e promissores, aninhada em passados quentes, balizados pelos laços familiares, que tecem a segurança, a autoestima, o conforto e a alegria.

E como jovens pais, estão apaixonados pela sua filha e isso é uma sorte para a menina. Rodeiam-na de palavras doces e desafiadoras, enternecem-se com o seu riso, espantam-se com a sua competência e interação, com as suas graças e feitos.

http://www.artnaiffestiwal.pl/uploads/4281f6a5c96f82459cf2e76aad32afb2dd7e0054.jpgE acordam de noite com o choro, aconchegam-lhe o corpo e o leite, mudam fraldas e oferecem mimos, protegem, amparam, desafiam. Preocupam-se e distendem-se e confirmam o seu projeto maior, porque a menina cresce todos os dias e todos os dias prova que aprender a ser pessoa é uma procura constante entre conhecimento, descoberta, aceitação, conquista. E resiliência e persistência. E resistência à frustração.

Tanta coisa? sim, muita coisa, e os pais, que sabem disso, convocam para esta aventura, as suas melhores competências e os seus melhores e maiores amparos. E os avós aí estão, em jeito de segunda viagem, a distribuir os bolos, a adoçar a boca, a pegar ao colo, a mimar e a dar descanso, num misto de saudade, reconhecimento e apoio.

E eu, que estive presente na festa da menina, olho tudo e enterneço-me. Com a menina e a sua meiguice, com os pais, com este começo e esta lonjura. Enterneço-me com os seus olhos, o seu rosto, as suas fitas e laços, com o cheiro de bebé pequena e meiga. Enterneço-me com o zelo com que a cuidam, a convicção com que a permeiam numa família alargada e amorosa. E penso para com os meus botões, que sorte tem esta menina! Por nascer em berço de amor, por ser embalada e deitada em lençóis quentes, por ter uma casa, uns pais e avós presentes, por ter quem cuide dos dias, das noites, dos sonhos e do futuro. 

Que assim seja hoje e todos os dias. E que nos mantenhamos por perto a comemorar muitos anos e a soprar muitas velas, em espaços verdes, com a menina a correr, linda e feliz. Para sempre.

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