sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Renovar votos, em tempo de férias

Imponho-me a tarefa primeira: cuidar das rosas, sem esquecer os espinhos. Apresento-me no ponto de partida, enunciando razões para este propósito. A estrada é longa e mais de metade do caminho já foi mapeado. Invisto na beleza das rosas, outrora pequenas e agora frondosas, espécie em desuso na ornamentação do mundo. Mas são elas que me inovam os trilhos.

Identifico a tarefa segunda: permanecer viva junto de pedras raras. Não ignorar a luminosidade dos mistérios, acolhê-los contra o pensamento lógico, dar-lhes espaço e lugar de sol, contrariando o principio da realidade e dos destinos traçados, antes de ser. 

https://i.ytimg.com/vi/-lKtZdMADV8/maxresdefault.jpg
Equaciono a tarefa terceira: continuar no chão e almejar a lua, voltar a vida do avesso, remendando dores de parto, essas que nos beliscam e confirmam o (re)nascimento. Ter uma candeia acesa para anunciar a vida, em noites escuras de breu. Esperar pelo amanhecer, emocionada.

Inquieto-me com a quarta tarefa: impedir golpes drásticos de desilusão, afogamentos em mar alto, sem alcançar a linha da praia e as conchas brilhantes. Não ignorar os avisos sobre as tempestades, nem a função principal das rosa dos ventos e de cordas fortes para segurar choros.  

Concordo com a quinta tarefa: atentar nas coisas e no seu significado, rodear-me das mais belas e capazes, instruir-me no entendimento do mundo, recolher as suas ideias mais audazes, permanecer virgem do conformismo e da renúncia. Inaugurar a beleza das rosas em dias de sol e mar por perto.
 

Sem comentários:

Enviar um comentário