domingo, 9 de outubro de 2016

Outono...de novo a pedagogia

Sábado.
De manha bem cedinho comprou-se o jornal, acompanhado de um café quente, rotina mantida como gesto inaugural do fim de semana, cumprindo o direito a ficarmos sós connosco mesmo, numa espécie de liberdade boa que se junta à brisa e ao fresco do dia. É outono, pelo caminho muitas folhas no chão, cores quentes a invadir as ruas, os casacos leves a aconchegar os ombros. Uma promessa de recolhimento, de nos guardarmos nas vestes que nos vão tapar do frio e da chuva, que há-de chegar lá para o inverno. Mas por enquanto ainda não, que o sol é tépido e torna-se dourado nos finais de tardes.  

É outono. O tempo convida a passeios pelo parque da cidade, já não apanhamos folhas para a sala dos meninos, já não pensamos nas diferentes estratégias para provocar desafios de aprendizagem e envolvimento. Agora aos sábados, debruçamo-nos com atenção no planeamento das aulas, tentando acertar, com tempo e medida, nas melhores estratégias para desocultar o fazer e o sentido pedagógico da futura intervenção com as crianças.

https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/d1/7a/b1/d17ab160e181e09f8f9bc400c0b92d1c.jpgE de novo uma espécie de urgência invade o quotidiano, um querer tudo em pouco tempo, como se aprendizagem se pudesse revelar por aquilo que dizemos, ainda que suportado em exemplos e pela mobilização da prática. Como se aprendizagem não tivesse que ser ancorada na ação, em contextos concretos, refletida em cooperação com pares, para confronto da diversidade de princípios, perspetivas. Como se aprendizagem não fosse um processo longo, que para acontecer, em cada um, tem que fazer sentido para quem aprende.

De novo, neste outono, a pedagogia e as suas múltiplas configurações, na educação de infância. Neste novo local de aprendizagem, com gente crescida, quase as mesmas questões com que nos deparamos frente aos mais pequenos: como construímos uma comunidade de aprendizagem, numa escola que se quer democrática, com direitos e deveres? como instituímos processos de autonomia, partilha, participação? como desenvolvemos um currículo significativo, com sentido social e cultural, face ao tempo em que vivemos? Como incentivamos o gosto e o prazer por aprender?

De novo, neste outono, a renovação dos desafios para uma pedagogia com ética e compromisso face aos mais pequenos. Agora, através dos mais crescidos, futuros educadores. 

3 comentários:

  1. Respostas
    1. obrigada...agora ando por outros sítios...e sem a inspiração dos meninos...será que os grandes também me irão desafiar? espero que sim...

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    2. Certamente! Uma conversa, há muitos anos, com alunas adultas sobre o sistema solar, tive a maior evidência das concepções alternativas que muitas vezes temos. Desde aí tenho muito mais cuidado nas conversas com os alunos mais novos.
      O que pensamos sobre o que as pessoas dizem, nem sempre é o que as pessoas dizem.
      Votos de bons regressos aos diferentes locais!

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