terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Cantata para 2016

Uma luz suave cobre o fim de tarde, entra quente e morna pela janela do sótão. Há um silêncio aconchegante aqui, apenas interrompido pelo som de um piano que toca, a lembrar passos de dança num qualquer lugar do mundo. Palco gigante, pés leves e vestes soltas, numa insustentável leveza do ser.

Assim me encosto neste fim de dia, enrolada em lembranças de trazer por casa, em intimidade plena, eu comigo, estonteada pelo passar dos anos. Muitos. Da eternidade deste tempo, retenho imagens fortes de momentos charneira, risos e lágrimas a compô-los em molduras nunca esquecidas pelo passar dos anos. Permanecem até hoje a esteira certa para descansar cansaços.

https://www.artmajeur.com/files/artelir/images/artworks/650x650/6843115_dsc01860.jpgDetenho o olhar no verde das árvores da rua, nos muitos livros das estantes que circundam o lugar onde estou e que é uma espécie de céu cá de casa. Daqui, em muitos dias, elucidei o meu viver, procurando nas palavras o sal da minha terra. Essa, que lavrei e cultivei, só ou com outros, buscando no seu calor a força para manter a rebeldia dos sonhos. Porque resistir impõe o amparo e a coragem de quem nos ama.  

Assim estou, neste lugar e neste tempo, a afagar palavras e a recompor memórias. Parecem ser o apanágio certo para prolongar futuros.

Assim me quero e vos quero, para 2016. Aconchegados no que fomos, prontos para inventar o que seremos. 

Entre os meus dias, alguns são de facto para sempre. sobre eles anoto cuidadosamente a memória, e a intensidade da vida mantém-se. é uma questão de intensidade. Só assim nos volta a florir o coração e a sensação de ascensão se repete (Hugo Valter Mãe)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Está a chegar

Está a chegar. Sentimo-lo no frio que gelas as mãos, no calor que aquece o coração, na luz das estrelas que inundam a cidade. Podemos até não gostar muito dele, comentar o seu consumo desenfreado, negar a solidez do dia, não ligar ao menino que de tão pobre nasceu no estábulo, mas ele está a chegar. 

Ele está a chegar e convoca todos para comemorar. Vem em forma de sino, laço vermelho no topo da árvore, música celestial, cartão de boas festas e renovação de votos. Enche-se de encanto e vaidade, retoca o aprumo e apresenta-se, de novo, em cada ano, em forma de mesa posta e cuidada, travessas doces e sorrisos prontos, numa noite de enlaçar dedos, oferecer abraços, prolongar regaços.

http://acolitos.carmelitas.pt/blog/wp-content/uploads/2008/12/presepio-ii.jpgE nós esperamos por ele, resistindo à abundância sem rei nem roque, confirmando os colos e as palhinhas que nos encheram o corpo de identidade. E comemoramos quem somos, por via de quem nos fez, nos retocou e andaimou para a vida que hoje temos e vivemos. Mães, companheiros, filhos, irmãos, amigos. 

Abrimos a porta do tempo e da paisagem onde estamos esculpidos, caminhos mapeados ao longo de anos, planícies, escarpas, mares eternos e florestas densas e convidamos todos para connosco estarem. Construímos um presépio vivo com aquilo que temos e somos, agradecendo aqueles que, com candeia acesa, nos iluminaram os dias e amainaram as noites. Presentes e ausentes.

Ele está a chegar, é natal no mundo e no quente das nossas casas. Assim pudesse ser para todos.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Famílias e caldos de afeto

Um encanto de noite, calor na sala e rostos bonitos, alegria e surpresa, família e amigos a festejar um aniversário. Fico quieta num canto a saborear a leveza dos gestos e a certeza dos laços que ligam todos os que ali estão. Uma espécie de fio delicado e no entanto inquebrável, juro que parece mais forte e pleno com o passar dos anos. Porque os conhecemos desde sempre, as meninas já cresceram e já mimam os filhos, os avós por ali andam a acolher abraços, os tios serenos a compor a casa, o amor e a autonomia como condição para se crescer com raízes.
E as raízes contam e seguram cada um num chão que dá flor e fruto e sombra para se viver com passos largos e confiantes. E as vozes elevam-se no ar e cantam-se cantigas de hoje e de ontem, todos juntos a uma só voz, apesar de timbres diferentes e jeitos diversos. Assim podem cantar porque se souberam amar e desafiar no correr dos dias. E é bom de ver e bom de sentir.

https://elikatakimoto.files.wordpress.com/2013/12/natal.jpgE penso na escola e na semana que também foi de famílias na sala. Responderam à chamada e ali chegaram, pegaram em materiais diversos, abrilhantaram-nos a seu gosto e jeito, desenharam, colaram, confrontaram e admiraram-se com as obras produzidas. Eu também.
Os meninos e meninas pelo meio, cada um consigo mesmo e todos em interação, num espaço, tenta-se, que seja de oportunidade de participação e criação de laços. Risos e brincadeiras, a manha a decorrer como sempre, às entre o caótico e o organizado, pinturas, desenhos, zangas e escritas no diário e seis mães (neste caso...) a poderem sentir o fazer dos dias na nossa sala, que queremos que também seja delas, para uma pertença maior. Porque pertencer é condição e exigência de sucesso, inclusão e aprendizagem. E é bom de ver e bom de sentir.

A noite de encanto entre amigos e o rebuliço bom da sala, nesta semana, lembraram-me que as famílias são espaços emocionais onde estão as raízes da identidade (Sousa, 1998). Por isso são o caldo onde cada um se faz e se forja como pessoa no mundo. Um caldo nem sempre quente e substantivo para alimentar o corpo e o coração, como sabemos. Mas também sei, que se a educação não muda tudo, alguma coisa a educação muda (Paulo Freire) pelo que acredito que o jardim-de- infância e as práticas de participação podem ajudar a servir um menu mais rico, diversificado e quente onde os caldos reforcem os laços de afeto, valorização e apoio entre famílias e crianças.  

Tentemos. No natal e durante todo o ano. 

sábado, 5 de dezembro de 2015

Natal para todos

Aqui estou em dezembro, a sentir o natal por perto, um frio bom que quer camisolas grossas e um cachecol junto ao pescoço. Temos sorte. Mas há quem a não tenha. 

Lá na escola tentamos constuír um tempo de magia, mas perdemos a graça frente à realidade. Não é a graça, é o sentido da intervenção em contexto. Temos que ser lúcidos e sensatos, dosear a imaginação e a euforia que porventura nos possa inundar neste tempo. O tempo do menino que veio para dar mais justiça ao mundo, dizem. Pois é. Mas o mundo é feito pelos homens e os homens, não raras vezes, esquecem-se de o fazer bem. Justo e igual, sem pobreza. Para além das festas de solidariedade e das intenções políticas em campanhas eleitorais e folhas de excel.  

http://www.mensagenscomamor.com/images/jpgs/img/f/frases_natal.jpgCusta sentir a pobreza. E não há como ignorar que ela afeta cada vez mais as crianças, sendo hoje intolerável o numero daquelas que, no corpo e na alma, se sentem excluídos dos seus direitos fundamentais. Porque as crianças sentem, sabem e confirmam-nos as suas dores. Por palavras, por silêncios, por gestos inquietos e magoados. Pois. 

E assim estamos. A tentar aquecer a sala, a decorar as paredes, a ouvir o que dizem. A tentar fazer um natal, sem mexer muito nele. Para que não seja, o seu festejo, uma marca de exclusão. Num tempo que dizem, ser para todos.

Com a noite a aproximar-se, fico com Sebastião da Gama.

Somos de barro

Somos de barro. Iguais aos mais.
Ó alegria de sabê-lo!
(correi, felizes lágrimas,
por sobre o seu cabelo!)

Depois de mais aquela confissão
impuros nos achámos;
nos descobrimos 
frutos do mesmo chão.

Pecado, amor? pecado fora apenas
não fazer do pecado
a força que nos ligue e nos obrigue
a lutar lado a lado.      

sábado, 28 de novembro de 2015

Um pedido de natal

Procuro-te.
Lenta e eternamente, procuro-te.
Nas manhas frescas e nas gotas de orvalho, nos esboços da casa que tarda a chegar, nos bocados de musgo na mão do menino que sonha o presépio. 

Procuro-te. Nas bolas de sabão que fogem no ar, na madressilva do caminho para o beiral, no verso do poeta que não se deu por vencido. 

http://alhayatlilatfal.net/Files/art_image/2/art/rimaandnadine/rima19.jpgProcuro-te, para que me digas que é possível, provável e obrigatório que a vida seja de outra maneira e que a pobreza não vai deixar frios os pés dos meninos. Nem cobrir de cieiro o seu rosto de espreitar o mundo. Nem enregelar a sua vontade de o colorir e inventar.

Procuro-te. Para que me possas revelar o mistério das dores da alma, as suas manifestações mais escondidas, os seus laivos discretos e presentes na hora de amadurecer. Por dentro e por fora. A flor, o fruto, a árvore, os homens, as mulheres. E as crianças.

Procuro-te. Lenta e distraidamente, às vezes, bem sei. Porque me assalta o devaneio da gente fugaz, coisas banais e não sensíveis, receios e cansaços da realidade crua, portas e janelas blindadas que ninguém se atreve a abrir. 
Por isso te procuro. Desvenda-me os segredos da igualdade, a alegria do sol nas vielas escuras dos bairros esquecidos e armadilhados contra o sonho e a liberdade.  

Procuro-te.
Diz-me, para que saiba, de que cor havemos de pintar a nossa vida, neste natal. Na rua, em casa, na escola. Com todos os meninos e meninas.

domingo, 22 de novembro de 2015

Os direitos das crianças

Hoje foi dia de sábado pedagógico e ainda bem. Ouvimos o Pedro Branco e as Martas, a Marta Botelho e a Marta Reis, a comunicarem as suas conceções e as suas práticas no contexto do MEM. O Pedro começou primeiro, voz a deslizar à volta da escrita e da palavra, como se tudo fosse fácil, tranquilo e natural. Sabemos que não, não estivesse ele a falar do poder do professor, do lugar da escrita na escola, da procura dos alunos nas suas escritas, da escrita do professor como estratégia para se dizer, comprometer-se e desenvolver-se. Pois, não é fácil, mas foi muito bom ouvir e ter oportunidade de voltar a pensar sobre o assunto, a escrita, essa componente séria e fundamental da nossa vertente de trabalhadores intelectuais, como disse o Pedro.

Depois foram as Martas, numa comunicação cooperada, para ilustrar os princípios do MEM e a sua tradução na pedagogia, no pré-escolar. Que bem explicitado, instrumentos, projetos, espaços e momentos onde a democracia, a cooperação, a cidadania se imbricam uns nos outros e dão lugar à participação das crianças como gente competente e com direitos. Profissionais que se interrogam, vigilantes face às suas práticas fazíamos assim e vimos que não tinha sentido...mudámos... numa lógica de pesquisa e mudança, para uma intervenção educativa e social, com significado e ressonância na vida das crianças. Foi bom ver a persistência destas Martas, para afirmar perante outros, os saberes e o direito à utilização de outros espaços, fundamentais para responder a projetos encetados pelo grupo.

Eu, sentada no meio de muitos, a percorrer a minha semana, à volta com o que fiz bem e o que fiz menos certo, eu, os meninos e meninas e a equipa, a construírem um tempo de participação, entre missão pijama e direitos das crianças. Porque não podemos passar sem com eles pensar e conversar sobre o assunto.
Li o livro Gabriel o direitinho e ainda que não o considere muito fácil, os meninos e as meninas fizeram um silêncio completo, olhos e rosto a seguir todas as palavras, uma adesão imediata, um interesse e uma escuta ativa, apesar da ausência de palavras.

Elas vieram no dia seguinte, em forma de partilha entre todos. Escrevemos o que disseram, devagar, devagarinho, espantados com a sua sensibilidade e assertividade. Escrevemos com alegria também, por todos estarem a falar da sua vida, aqui neste lugar, onde às vezes os direitos andam escondidos e amedrontados por condições de vida difíceis e pouco ajustadas a um quotidiano que se quer com pão, saúde, habitação, educação, igualdade de oportunidades. Não é fácil, mas é um desafio. 

Pois não. Não é fácil a escrita, não é fácil viver os princípios, não é fácil propor práticas que respeitem os direitos. Porque a escola, a nossa escola, ainda anda lentamente à procura de conceder às crianças o seu lugar de construtores de sentidos. Pela palavra, pela ação, pelo presente, pelo futuro.

Não é fácil mas é desafiador. Aqui ficam os direitos vistos pelo nosso grupo, pela ordem que disseram e sem alterações. Já partilhámos com as turmas do 1º ciclo, em cartazes ilustrados por nós. Já temos uma tela em tecido com ilustrações nossas e de algumas famílias. Agora vamos levar para casa. É preciso divulgar e dar sentido social aos que fazemos e pensamos.

As crianças têm direito a ser protegidas da guerra
As crianças têm direito a uma família
As crianças têm direito a ter brinquedos
As crianças têm direito a ter uma mãe, um pai, uma avó, um avô
As crianças têm direito a ir ao hospital e a ter médico
As crianças têm direito a ser bem tratadas
As crianças têm direito a ter uma alimentação saudável
As crianças têm direito a ter um nome
As crianças têm direito a comer sopa
As crianças têm direito a ter uma escola e a ter professoras
As crianças têm direito a ter abraços, mimos e festinhas
As crianças têm direito a ter uma casa e a ter uma cama
As crianças têm direito a brincar 

 Grupo pré-escolar - 20 novembro 2015



segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Que havemos de fazer?

O dia foi intenso, ainda que não tanto como há oito anos. 
No meio da algazarra dos meninos e meninas ia-me lembrando de ti e da tua partida, naquela sexta-feira de 16 de novembro. Nesse dia pensei que morria contigo, tal era a dor no peito e a minha mágoa. Hoje não foi assim, o tempo ajuda a tornar mais suportável e menos densa, a dor. Agora é uma saudade morna, meia triste e meia conformada. Que havemos de fazer?, dirias  tu se cá estivesses. 

http://cdn.olhares.pt/client/files/foto/big/27/270912.jpgHavemos sempre de agradecer a memória e a lembrança do teu rosto, das tuas mãos e do teu riso. Havemos sempre de te convocar em alguns dias para a mesa, rir dos teus ditos que ainda permanecem entre nós e nos aquecem o coração e as pessoas que somos. Havemos sempre de voltar ao teu lugar, à casa onde nasceste, perto da ria e do mar.

Havemos sempre de nos espantar com a arte de renovar a vida e tendo-te perdido, a possibilidade de nos refazermos com futuro. Sem ti e ainda contigo. Pelos laços e pelos nós, pela pele e pela semelhança, porque mãe e avó foste e assim partiste. Havemos sempre de sentir e querer essa condição e esse amparo.

Havemos sempre de voltar ao teu regaço, à doce recordação dos bibes da infância, ao leite com café e às torradas com manteiga. E aos dias de inverno, contigo a fazer o jantar na nossa casa. Havemos sempre de pensar que ser mãe é ser sempre, com ou sem presença. 

Havemos sempre de te amar e sentir a tua falta na nossa casa e na nossa vida. Que havemos de fazer? 

domingo, 8 de novembro de 2015

Fragmentos da semana...

A semana terminou com pipocas e alegria. Também viveu dela e por ela, em conflito com momentos paralelos de zangas e choros. Assim nos vamos fazendo aqui, neste lugar, cheio de coisas boas e outras nem por isso. Mas não há como contornar a contextualização da pedagogia.

A semana andou à volta do que planeámos em conjunto e situações que vinham da semana anterior, tentando firmar a identidade do grupo como motor de compromissos e projetos. É um caminho lento, já o sabemos, com avanços e recuos, onde cada um aprende o seu lugar e o sentido de ser um entre muitos. Fizemos parte do que combinámos e mais parte do que surgiu, permeado pelos momentos de conselho (de manhã e à tarde), como espaços de partilha, reconhecimento e validação do nosso viver em comunidade. E outros conselhos, reuniões de urgência, porque a regra é quando alguém chora, está triste ou há uma zanga temos que parar e dar atenção. E ouvir e resolver. E porque amuar, não resolve vida, nem os problemas. Já todos sabem disto e agem em conformidade.  E sentem-se seguros com esta maneira de fazer, explorando-a até mais não.

http://sounoticia.com.br/wp-content/uploads/2014/03/outono2010_f_010.jpgContinuamos com dificuldade de acertar as nossas ideias com as dos que nos rodeiam, pais mães, famílias. Entra-nos pela porta a vida de cada um e a vida da comunidade, cheia de matizes e expressão, cheia de direitos e perspetivas. Nesta semana os pais do I. zangaram-se muito com um menino mais velho, do 1º ciclo, que teria batido no seu bebé. Foi difícil e tenso, palavras com gritos e afetos gigantes, explicações e escuta...e lá se resolveu. Não sem algumas implicâncias no quotidiano e na interação entre famílias, meninos e meninas, desenvolvimento do currículo. A diversidade dos pontos de vista em ação e nós a mediar.

Nesta semana a M. criticou-me e zangou-se, disse até não quero vir mais para a escola, tu não me dás colo e andas sempre ocupada com os outros. Refutei a ideia e disse que não conseguia dar-lhe o colo que ela queria, mas que dava o que podia. Chegámos a consensos, julgo, depois de muitas falas e demonstrações e lá para o final da semana fui presença num sonho que teve, com festa, e nós duas e a T. vestidas de princesas, com vestidos cor-de-rosa até aos pés. A mãe, que não vive com ela, também esteve no sonho, a dormir noutro quarto. Os meninos que nos precisam para adoçar, esgrimir e tentar resolver parte das suas inquietações e medos.

Nesta semana também, o A. implicou-se mais na dinâmica conjunta e foi capaz de realizar um projeto de trabalho, dando forma a um barco, em volume, feito de folhas secas muito grandes. Cola e arame, mar para o barco navegar, areia e ondas, duas bandeiras de sucesso e conclusão. Foi bom e foi gostoso, para este menino que estando em todo o lado e lado nenhum, precisa de um apoio afetivo e efetivo para projetar, realizar e concluir as suas ideias.

O conselho de final de semana não foi fácil de gerir. A coluna do não gostámos completamente cheia de problemas, um tempo longo sem fim à vista, meninos e meninas cansadas e já desligadas da situação que deu origem à escrita. A A. mantendo a recusa em tomar a palavra, negando com movimentos de cabeça, que empurrou e bateu, fechando-se num silêncio difícil. E nós a tentar construir um espaço de discussão que na cabeça de muitos parece ser de acusação. Sem saber, muitas vezes, como apoiar e mobilizar estratégias. Os secretários a fazerem o seu papel com entendimento e postura organizada, foi bom de ver.

E no fim da semana, a mãe do M., menino de 3 anos que iniciou a escola há pouco tempo, a partilhar que ele tinha dito em casa que temos uma coisa, assim para escrever, que gostamos e não gostamos e não podemos bater...e lá fomos mostrar o diário, contentes por esta partilha e esta desocultação do modelo. Foi também bom ver duas famílias descalçarem-se pela manha e apoiarem os filhos na marcação da presença. 

Assim vamos andando, com alegria e preocupação, persistindo nos princípios e instrumentos que nos ajudam a crescer em companhia, jogando entre o eu e o nós, tentando construir espaços de democracia e inclusão. Aguentando e dando sentido aos múltiplos fragmentos diários que nos desafiam a criatividade, a tolerância e a persistência. Em alguns dias, um leve desânimo que foge rápido quando escrevemos e pensamos na vida destes meninos e meninas, pequenos, fortes e frágeis. 
Vamos lá para mais uma semana...